quarta-feira, 2 de abril de 2014

Itaboraí inaugura primeira clínica-escola para autistas


O espaço tem capacidade para até 100 autistas e funcionará também como
centro de capacitação de profissionais

Em 1º de abril,véspera do Dia Mundial de Conscientização do Autismo,
foi inaugurada em Itaboraí, na região metropolitana do Rio, a
primeira clínica-escola para autistas do Brasil. É uma iniciativa da
Prefeitura do município, atendendo a uma antiga luta do Movimento
Família Azul, liderado por Berenice Piana di Piana, mãe de um jovem
autista, de 19 anos. Foi ela quem inspirou a Lei federal 12764/12, que
assegura a matrícula de autistas na rede regular de ensino. A lei,
aliás, leva o nome de Berenice. De acordo com dados do Movimento
Família Azul, hoje em Itaboraí e municípios da região existem cerca de
três mil autistas; no Rio são 180 mil; e no Brasil, 2 milhões.

Segundo a coordenadora de educação especial do município, Valéria
Sales, a clínica-escola não irá substituir o ensino na escola regular,
funcionará como local de triagem para casos mais graves de autismo,
cujos portadores apresentam hipersensibilidade. Terá capacidade para
até 100 autistas, que permanecerão na clínica até estarem aptos ao
ensino regular. Além de psicólogos e fonoaudiólogos, o espaço, mantido
pela Prefeitura, por meio das Secretarias de Educação e Saúde, terá
terapeutas ocupacionais e neuropediatra para diagnóstico. Também
funcionará como centro de capacitação de profissionais que lidam ou
pretendam lidar com portadores da síndrome.

Segundo a secretária de Educação, Susilaine Duarte, na rede municipal
existem 500 alunos especiais, deste total, 50 são autistas. "Eles
recebem atenção de professores mediadores e inspetores cuidadores. A
clínica-escola não irá eliminar esse trabalho nas escolas, ela ajudará
no atendimento aos casos mais extremos e na inserção deles na rede
regular", afirma a secretária.

Para Berenice Piana, a clínica-escola de Itaboraí servirá de modelo
para todo o País não só no tratamento de autistas, mas na formação e
capacitação de profissionais. "A inauguração desta escola representa
um grande avanço para as famílias de autistas. Hoje no Brasil há uma
legião de adultos autistas que nunca foram tratados. Poucas pessoas
sabem lidar com a síndrome e por isso a clínica-escola é importante,
especialmente no esclarecimento às famílias e formação de
profissionais das áreas de saúde e educação", afirma Berenice.

Em outubro do ano passado, Berenice procurou o prefeito da cidade,
Helil Cardozo, para apresentar o projeto da clínica-escola como
primeiro passo para inclusão de autistas na rede regular de ensino. "O
prefeito não só gostou da ideia, como fez questão de visitar outras
associações de pais, como a de Volta Redonda, e em poucos meses nos
apresentou o espaço onde a unidade iria funcionar", contou ela, que
ajudou os técnicos das secretarias de Saúde e de Educação da cidade a
adaptar o imóvel onde a clínica-escola está localizada, no bairro
Venda das Pedras.

"Este espaço não é para segregação e sim para inclusão dos portadores
de autismo na escola e na sociedade. Nosso objetivo é minimizar o
sofrimento das mães. A ideia não é que eles (autistas) fiquem lá para
o resto da vida, mas para que seja adaptado e educado até que esteja
maduro o suficiente para a escola regular. Sou totalmente a favor da
inclusão do autistas no ensino regular e também apoio o ensino
especial para quem necessite", declarou o prefeito Helil Cardozo.

Durante a solenidade de inauguração da clínica-escola houve uma
apresentação do tenor e pianista Saulo Lucas, que é autista.

 

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