segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Mais ossos de animais pré-históricos encontrados em Itaboraí



Fóssil de 55 milhões de anos é levado para estudos na UFRJ
Além do ossos de um xenungulado (Carodnia Vierai) de 55 milhões de anos, mais dois fósseis da mesma idade foram encontrados em Itaboraí no primeiro semestre deste ano. Tratam-se de duas mandíbulas de astrapotérios, mamiferos que também habitavam a Bacia de São José. Todo o material foi levado, na quinta-feira, para o Laboratório de Macrofósseis da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).  Ao todo, foram encaminhados dez pedaços de rocha onde estão presos os ossos dos animais. O material foi transportado por um veículo da Prefeitura de Itaboraí, acompanhado pelo biólogo Luis Otávio Castro, gerente do Parque.

A paleontóloga Lílian Bergqvista, da UFRJ, que comanda os estudos do xenungulado, ressalta a importância do Parque Paleontológico.

"Foram três achados importantes em apenas seis meses, o que mostra o potencial e a importância do Parque Paleontológico de Itaboraí", ressalta Lílian Bergqvist. "Agora, vamos começar o trabalho de extração dos ossos da rocha, que é feita de um calcário muito duro. Precisaremos de algumas semanas para concluir essa parte".

Após a extração, o fóssil do xenungulado será estudado de forma minuciosa, até ser catalogado e devolvido ao Parque Paleontológico, onde permanecerá em exposição. A intenção de Lílian Bergqvist é a de que o material retorne ao Parque antes da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que ocorre de 13 a 19 de outubro.

Além de gerente do Parque Paleontológico, Luis Otávio Castro é o guia responsável por receber as pessoas interessadas em visitar o local, por meio de um agendamento prévio.

"O Parque está aberto à visitação, inclusive nos fins de semana. Mas as visitas precisam ser guiadas, devido à importância de se preservar as formações rochosas que podem conter mais fósseis", lembra Luis Otávio.

As visitas ao Parque podem ser agendadas de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, pelo telefone 3639-1918.

Parque Paleontológico de Itaboraí foi alvo de exploradores de minério por mais de 50 anos

Prefeitura busca apoio para transformar local em ponto de turismo científico

Verdadeiro tesouro arqueológico e paleontológico da humanidade - nas palavras da especialista em sítios arqueológicos Maria Beltrão - o Parque Paleontológico municipal de Itaboraí foi, até a década de 80, explorado por uma fábrica de cimento, a Companhia Nacional de Cimento Mauá. O material (calcário) extraído do lugar ajudou a mineradora a erguer a Ponte Presidente Costa e Silva (ponte Rio- Niterói) e o estádio Mário Filho (Maracanã).

Recentemente, a Prefeitura iniciou um trabalho para fazer da área um ponto não apenas de pesquisa mas também de turismo científico. O primeiro passo foi convidar a arqueóloga Maria Beltrão para assumir a direção da unidade. Em dezembro passado, ela e o prefeito Helil Cardozo apresentaram um projeto de recuperação da área à mineradora responsável pela exploração de calcário no local de 1928 até o início da década de 80. Na ocasião,a empresa se comprometeu a recuperar a área degradada. A Petrobras, que constrói na cidade o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), também já foi procurada.

Paralelamente à busca por recursos junto à iniciativa privada para investimentos no parque, a Prefeitura está promovendo a manutenção e construção de novas trilhas e decks de observação, e incentivando a visitação pública. O que antes era privilégio apenas cientistas, hoje está à disposição dos visitantes. Qualquer pessoa pode agendar uma visita guiada ao local pelo telefone da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (021) 3639-1908, de segunda à sexta-feira, das 8h às 17 h.

“Nossa intenção sempre foi a de preservar o parque para que seja explorado adequadamente e de maneira sustentável por cientistas, além de transformá-lo em ponto de visitação. Muita gente vive em Itaboraí e não conhece esse tesouro natural”, comenta o prefeito Helil Cardozo.

Diversos animais pré-históricos já foram encontrados no Parque  Paleontológico

Além da recente descoberta, ossos de outros animais pré-históricos já foram localizados na área. Fósseis de diversos mamíferos, gastrópodes, répteis e anfíbios, entre eles o tatu mais antigo do mundo e o ancestral das emas, ambos do período Paleoceno. Foram achados, também, fósseis de preguiça gigante e mastodonte, da Idade Pleistocênica (aproximadamente 20 mil anos). Também foram encontrados restos arqueológicos, evidenciando a presença do homem pré-histórico no local.

Diretora do Parque desde 2013, a arqueóloga Maria Beltrão, uma das mais respeitadas do Brasil e reconhecida mundialmente, realiza pesquisas na região há mais de quatro décadas, e acredita na existência, no local, de um crânio humano datado de cerca de 2 milhões de anos. Se encontrado, o exemplar causaria uma reviravolta na história contada hoje a respeito da ocupação do continente americano.

Maria Beltrão lembra, ainda, que o Parque é o único sítio do planeta onde pode se fazer uma escala evolutiva de artefatos líticos (ferramentas utilizadas pelo homem pré-histórico), com a existência de buris, lascas levallois, raspadores e perfuradores. A arqueóloga aguarda autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para iniciar pesquisas nas quais há chances de ser encontrado o esqueleto humano mais antigo da América.

Em 1990, a área do Parque Paleontológico foi desapropriada pela Prefeitura de Itaboraí que a declarou de utilidade pública. Com isso, em 1995, nasceu o Parque Municipal Paleontológico de São José, eleito pela Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos (Sigep), órgão ligado à Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), um dos patrimônios da humanidade.

O Parque, localizado na Região Metropolitana do Rio, distante cerca de 60 km da Capital fluminense,  compreende uma área por volta de 100 mil metros quadrados, na Bacia de São José.

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